Breve História do Montanhismo

Vias de peso

Outras vias de peso foram abertas nesta década. Vias grandes, difíceis e com várias enfiadas protegidas em móvel.

Silvio Neto na via Sinfonia dos Delírios (7º VIIc) no Pico dos Quatro (RJ).

Entre elas estão a Sinfonia do Delírio (7º VIIc, 430 metros), conquistada em 1986 por Alexandre Portela, Marcello Ramos e Carlos Costa, no Pico dos Quatro, no maciço da Pedra da Gávea, e a Oitavo Passageiro (7º VIIIb A1, 380 metros), aberta no Corcovado, em 1987, por Alexandre Portela, Sérgio Tartari, Sérgio Poyares, Mozart Catão, Eduardo Cabral, Fernando Barberá e Bruno Menescal.

O Pico Maior, em Salinas (Nova Friburgo).

No Pico Maior de Salinas, em Nova Friburgo, paredes impressionantes foram vencidas, com destaque para as vias Arco da Velha (6º VIIa E3, 700m), aberta por Alexandre Portela, Sérgio Bruno, Sérgio Poyares e Sérgio Tartari; Cabeça Dinossauro (6º VIIa A0/VIIc E5, 600m), por Alexandre Portela, Sérgio Poyares e Sérgio Tartari; e The Wall (7º VIIa A2 E3, 500m), por Alexandre Portela, José Luis Hartman, Luis Cláudio “Pita” e Sérgio Tartari. Em 1984, foi aberto o primeiro big wall do País, a via Tragados Pelo Tempo, conquistada por David Austin, Portela e Tartari, na face sul do Corcovado. Com 420 metros de extensão e graduada em A3 VIIa, foi a primeira via de artificial moderno do Brasil.

Luis Cláudio “Pita”, numa repetição da Tragados Pelo Tempo, no Corcovado.

Em 1986, outro big wall: agora, Portela e Tartari conquistam a Terra de Gigantes, em uma parede de 600 metros, em grande parte negativa, na Pedra do Sino, Serra dos Órgãos, em Teresópolis. Ela foi graduada em A4+ (hoje A4), em uma escala que vai até A5. Foram necessários onze anos para que ela tivesse uma primeira repetição, sendo ainda hoje considerado o big wall brasileiro mais complexo.

A parede da Pedra do Sino por onde passa a Terra de Gigantes (Serra dos Órgãos).

Acostumados com as grandes paredes brasileiras, alguns escaladores partiram em busca de desafios maiores, como as montanhas de rocha e gelo da Patagônia e os big walls de Yosemite. Assim, em 1989, o paulista Luis Makoto chegou ao cume do Fitz Roy, na Argentina. No ano seguinte, foi a vez do carioca Alexandre Portela e do paranaense Bito Meyer pisarem o mesmo cume. Em 1990, Makoto escalou também o Cerro Torre, pela via do Compressor, com 1.100m de extensão, feito repetido por Portela, em 1992. Em 1994, Eliseu Frechou e Bito Meyer repetem a via Zenyatta Mondatta, um exigente big wall graduado em A4+ no El Capitan, na California. Foram nove dias para vencer os 850m da parede. Em 1996, Eliseu Frechou, Márcio Bruno e Sérgio Tartari conquistaram na África, uma via de A4 e com 550 metros de extensão. Em 1998, Frechou e Márcio Bruno repetem uma das vias mais difíceis do El Capitan, Plastic Surgery Disaster (A5).