Garra Feminina
No montanhismo brasileiro a escalada feminina anda em alta. Muitas mulheres tem se destacado e evoluído. Um desses exemplos é Francine Gomes Machado, 27 anos, que formou-se como bailarina pela Faculdade de Artes do Paraná, mas há 11 anos, tem como sua grande paixão, além da dança, o montanhismo. Começou escalando rocha e já no mesmo ano (1995) participou de duas competições nacionais ainda como iniciante. Após longo período sem competir, devido aos estudos, (ela está cursando outra faculdade, a de Geologia) voltou para o circuito regional em 2002, e participou do ranking paranaense de boulder, sendo a campeã desta modalidade naquele ano. Ainda em 2002, ficou em 1º lugar no Open de Boulder, competição nacional, realizado em Curitiba (PR). No ano passado obteve excelentes colocações nos campeonatos em que participou. No primeiro semestre compareceu as duas etapas do Ranking Paranaense de Boulder, ficando em 1º na classificação geral. Em julho de 2005 participou da 2ª etapa do ranking brasileiro, em Belo Horizonte (MG), e do Campeonato Open de Boulder, em Niterói (RJ), ficando em 3º lugar nos dois. Em setembro competiu na 3ª Etapa do Ranking Brasileiro, em Curitiba (PR), angariando o 2º lugar. Esteve presente, em novembro, na 4ª etapa do ranking brasileiro, em São Paulo , ocupando o 2º lugar; e ao final conseguiu o 3º lugar na classificação geral do Ranking Brasileiro de 2005. Mas não é só nos muros indoors que ela se destaca. Para evoluir na escalada Francine viajou e escalou pelos melhores ‘points’ do Brasil, como Itacolomi (RS), Morro da Cruz (SC), Pico do Marumbi (PR), Conjunto Pedra do Baú (SP), Pão de Açúcar (RJ), Serra do Cipó (MG), Pedra Aguda (CE), entre outros. Também esteve no exterior escalando várias vias no setor das Chilcas, no Chile, do Valle Encantado em Bariloche, e […]
Esporte Ameaçado
No link Esporte Ameaçado você encontra um artigo do escalador André Ilha, falando sobre um problema que afeta cada vez mais o montanhismo, a monopolização de empresas na visitação dos parques brasileiros. Vale a pena dar uma olhada e divulgar. (16.08.06)
Luto na Montanha – Roberta Nunes
Ainda é difícil acreditar que tenha acontecido, mas ontem Roberta Nunes, uma das melhores escaladoras do Brasil, morreu num acidente de carro nos Estados Unidos. Não há como descrever semelhante perda. Robertinha, como era carinhosamente chamada por seus amigos, tinha 34 anos e escalava desde 1993. Nesses oito anos escalou pelo mundo todo: Argentina, Chile, EUA, França, Espanha, Groelândia… Nos últimos tempos vivia do montanhismo, dedicada como sempre, procurando novos desafios. Escalava livre, alpina, big walls, esportivas… de tudo um pouco, e se destacava como ninguém. Era considerada como “top” na escalada feminina, elevando o nível da escalada no Brasil. Robertinha esteve já nos principais pontos de escaladas do Brasil, onde mostrou toda sua garra em aperfeiçoar-se cada vez mais, nivelando-se a muitos escaladores homens, em técnica e dificuldade. Percorreu em 1998 os principais pontos de escalada na Argentina e Chile num período de dois meses: Los Gigantes, La Ola, Arenales, Los Mogotes, Cerro Catedral, Cerro Bonete. Em 1999 esteve na Patagônia Argentina, Chaltén, onde realizou uma tentativa na agulha Mermoz (2.754m) por nova rota na cara leste, junto a Ale Gracia, Sebastian Bortolin e Andres Zeggers. Fez cordada feminina na agulha Guillaumet (2.593m) pela rota Colouir Amy, face leste, uma canaleta em gelo, ficando a poucos metros do cume principal, junto a suíça Barbara Regli. Em seu projeto “Patagônia 2000”, escalou a agulha Inominata (2.500m), pela rota anglo-americana, com graduação V+, 6c, A1, junto ao argentino Fefi. Fez a primeira ascensão feminina brasileira da agulha Media Luna (1.923m) pela rota de Salvaterra, junto a Sebastian Bortolin com graduação V+, 6c+, A2+. Subiu o Cerro Solo (2.223m) pela rota normal, finalizando com a tentativa da inóspita montanha San Lorenzo (3.720) pela rota Agostini, por terreno gelado, ficando a apenas duas horas do cume. Em abril de 2001, realizou a repetição […]
Ilha da Cotunduba
Às 07:30h da manhã, quando tocou o celular, eu não acreditei… Quem poderia estar ligando àquela hora, justamente neste sábado, ao qual me reservei o direito de dormir o merecido, isto é, muito? Entretanto era um chamado… Preste atenção no que eu disse, um “chamado”! Passar o dia escalando numa ilha, proposta tentadora, que o sono a princípio me fez relutar. Somente despertei decidido, depois que percebi que atender ao telefone a cada 10min seria pior. Primeiro o Nado, depois o Daflon e em seguida o Bernardo; pensei comigo mesmo, é complô. Daí fui! Juntei-me a eles e ao Zé, dono da lancha, no iate clube às 9h. Últimos detalhes resolvidos e às 10h estávamos partindo em direção à Cotunduba. Diante de todo o visual impressionante visto desde a Baía de Guanabara em direção ao Pão de Açúcar, meu sacrifício em sair da cama, já estava válido. Se dali nosso capitão Zezinho resolvesse dar meia volta, já me dava por satisfeito. Ora, todo aquele visual que por quase uma década admiro incessantemente; agora observado por um ângulo até então inédito pra mim. Irado, radiante… Assim como o sol que logo logo viria a nos fritar! Chegamos à ilha com um vento bem forte, que encrespava o mar, mas fizemos uma aproximação e um acesso tranqüilo. Algumas idas e voltas com equipamentos e outros utensílios, intercalados por ridículos pulos no mar, que nos faziam agradecer a Deus por não viver do salto ornamental; e já estávamos todos bem animados com o pouco que víamos até então. A parte da ilha voltada para o mar aberto está repleta de blocos alucinantes! Boulders de todos os tipos, com abaulados, regletes, fendas, tetos… Além de highballs, paredes que mais pareciam mosaicos e outras formações rochosas esculpidas com perfeição! Passado o momento do reconhecimento geral, […]
Novas Altitudes
Picos brasileiros têm nova medição Fruto de uma parceria entre o Instituto Militar de Engenharia (IME), Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), o Projeto Pontos Culminantes realiza pela primeira vez medições precisas de alta tecnologia nas montanhas mais altas do Brasil. E as novidades já começaram a aparecer. Após 36 horas ininterruptas de monitoramento com o uso de quatro GPS de alta precisão, o Pico da Neblina, ponto culminante do País, revelou-se mais baixo. Ele tem em verdade 2.993,78m e não os propalados 3.014,1m, medidos em 1965 com o uso de imprecisos barômetros. Nos mapas, sua altitude será arredondada para 2.994m. A mesma expedição revelou que o Pico 31 de Março, que fica próximo ao Neblina, na fronteira entre o Brasil e a Venezuela, no Estado do Amazonas, também é menor do que se pensava: 2.972,66m (arredondados para 2.973m), quase 20 metros menos do que a sua antiga medida oficial, 2.992,4m. Em compensação, a Pedra da Mina (em Passa Quatro, Minas Gerais) e o Pico das Agulhas Negras (localizado em Itatiaia, no Rio de Janeiro) “cresceram” após as novas medições, passando a, respectivamente, 2.798,39m e 2.791,55m, contra os 2.770m e 2.787m de antes. A novidade é que agora a Pedra da Mina ganhou o status de ponto culminante da Serra da Mantiqueira, desbancando o popular Agulhas Negras. Na segunda etapa do projeto foram feitas medições na Serra do Caparaó, na divisa entre Minas Gerais e Espírito Santo. O Pico da Bandeira, antes com 2.889,8m “cresceu” para 2.891,9m, e o Pico do Cristal, de 2780m diminuiu para 2.769,7. Além desses dois, mas três pontos foram medidos. No entanto, os resultados serão analisados pela Coordenação de Geografia do IBGE, que está avaliando se os novos pontos também podem ser considerados picos. […]
Temporada de Big Wall
Este foi o ano em que os escaladores cariocas mais estiveram em big walls. Foram repetidas seis vias de peso, do qual participaram 19 escaladores. Neste artigo publicamos uma breve descrição de cada via, fatos interessantes sobre, explicamos o termo big wall e como funciona o sistema de graduação. Franco-Brasileira, Pedra dos Sinos, PNSO.Big Wall Não há nenhuma definição específica que qualifique uma parede como um big wall, mas como o termo já diz, tem que ser uma parede grande, preferencialmente fendada e negativa. Um big wall pode ser visto como uma escalada que venha a durar normalmente mais de dois dias, geralmente utiliza-se muita proteção móvel. Os estilos em livre ou em artificial podem ser utilizados, mas geralmente a escalada em artificial móvel é a predominante. Ao contrário da escalada em livre, estilo que tem como desafio utilizar apenas o corpo sem ajuda de pontos de apoio diferentes da rocha para progredir, a escalada artificial utiliza uma gama de equipamentos que são acomodados, entalados ou até mesmo martelados na rocha, onde o escalador se pendura para progredir e colocar a próxima peça. Esse ritual acontece geralmente nas fendas. Apenas quando não é possível instalar nenhum desses equipamentos uma proteção fixa é colocada. A dificuldade da escalada em artificial depende da precariedade em que as peças são colocadas e o risco que uma sequência dessas peças delicadas pode oferecer ao escalador em caso de uma eventual queda. As peças que não precisam ser martelas, mesmo quando mais precárias, são mais valorizadas, pois, não deixam cicatrizes na rocha. Uma outra classificação se refere a complexibilidade de se chegar a base, escalar a via e retornar. Fazendo com que escaladas sejam muito diferentes em relação ao planejamento logístico mesmo que tenham dificuldade técnica bem semelhantes. Crazy Muzungus, Garrafão, PNSO.A rotina em um […]
CEPI em livre
O famoso cabo do CEPI, a única via ferrata do Pão-de-Açucar, foi encadenado em livre recentemente pelo escalador Flavio Daflon. Escaladores como Alexandre Portela, Sérginho Tartari e Hillo Santanna, já haviam realizado o feito. A diferença é que dessa vez Daflon, utilizou somente os grampos do CEPI como proteção. O que acontece é que, com o passar dos anos e com as inúmeras recuperações do cabo (a última feita há uns poucos anos atrás), a quantidade de grampos no cabo aumentou consideravelmente, diminuindo a exposição para alguém guiá-lo. Antigamente, para guiar o CEPI em livre, os escaladores costuravam prussiks em alguns lances mais expostos para não correr o risco de levar uma mega vaca, apesar de quase sempre terem a mão o cabo de aço para se safar do perrengue no último instante. Mesmo assim, o CEPI continua exposto para ser guiado em livre na sua forma atual bem mais protegida. Daflon sugere um E3 e quanto ao grau geral da via, ele sugere um 6º VIIc. O crux se dá na segunda enfiada da via, uma barriguinha estranha de VIIc. A saída do chão é um VIIa tranquilo, bem protegido por chapeletas. Daí, o escalador faz uma horizontal e logo depois ele entra num dos lances mais exposto da via, um VIIb de agarrinha estranho a direita do cabo. Flávio faz questão de afirmar que o cabo em momento algum atrapalha em fazer a via em livre. Ele argumenta que o CEPI faz parte da história da escalada no Brasil e deve ser mantido como tal. O cabo foi posto em 1952 pelo Centro Excursionista do Pico de Itatiaia (hoje extinto), cuja sigla deu o nome à via ferrata. Fazer o CEPI em livre oferece somente mais uma opção na Face Oeste do Pão-de-Açucar. Como curiosidade, é o lugar […]
Escalar Rápido!
Nesta temporada, Sergio Tartari e o argentino Luciano Fiorenza realizaram um “speed climb” de três vias em um dia no Pico Maior de Friburgo (foto ao lado). Saíram do Refúgio das Águas – que fica a uma hora e meia da base da montanha – à uma hora da manhã e levaram dezoito horas ao todo, escalando. Eles começaram pela via Decadence avec Elegance, ainda a noite (descendo por ela mesma), depois fizeram a Arco da Velha (tornando a descer pela Decadence) e em seguida subiram a via Leste. José Luis ‘Capachão’ e Marcus França, escaladores paranaenses, já havia feito uma escalada nesse estilo, nas vias Decadence e Leste. Tartari e Fiorenza acrescentaram mais 700 metros a empreitada. Veja a seguir as características de cada via. – Decadence avec Elegance, 5º VIsup (A0, VIIc) E2, tem 17 enfiadas e 700 metros. – Leste, 5º (A0, VIsup) E3, possui 18 enfiadas e 700 metros. – Arco da Velha, 6º VIIa E3, tem 15 enfiadas, e 700 metros. Ao final foram 50 enfiadas e 2.100 metros, um grande feito. (10.10.03)
Encadenamentos do Ralf
Na Urca, Ralf Côrtes encadenou uma via esportiva aberta por ele e pelo Helmut Becker hà 5 anos (e que estava esquecida desde então), a ‘Tiro no Escuro’, agora a via mais difícil do Morro do Babilônia, um IXc de 15 metros que fica num negativo um pouco antes da Fissura Tropical. Ralf também encadenou recentemente a via De Costas Para o Passado, no Pão deAçúcar, pela primeira vez. Localizada na aresta à esquerda da chaminé do Secundo, esta via foi aberta em 1995 e pela dificuldade técnica acabou recebendo poucas investidas. Em abril deste ano, em 9 dias de tentativas conseguiu encadená-la, graduando seus 20 metros em IXc. Logo depois Ralf passou a concentrar seus esforços em outra aresta, A Um Passo do Espaço, que era graduadaemVIIIc A1. Ele tentou e conseguiu a MEPA (Máxima Eliminação de Pontos de Apoio) do A1. Guiando a via toda em livre ele propôs o grau IXc, o terceiro que encadena na Urca. Ao lado: Ralf Côrtes na aresta da A Um Passo do Espaço. Foto: Marcela Chaves. (25.09.03)
Upgrade do Alemão
Na Pedra do Urubu, Ralf Côrtes (foto ao lado) voltou a tentar a Southern Comfort (Xa), conhecida como Via do Alemão (ela é a fissura que fica no negativo, logo à esquerda de quem chega na pedra), que ele já havia encadenado. Agora, porém, buscava uma saída mais difícil, abaixo da original. Na época da sua abertura (1987), pelo alemão Wolfgang Güllich, a base era bem mais alta. Desde então, devido à erosão e movimentação de pessoas, algumas pedras rolaram, fazendo com que a base ficasse mais baixa. Apenas este novo trecho feito por Ralf deve chegar a VIIIc de boulder explosivo, portanto, o grau total da via também aumenta, podendo chegar a Xc. Outro detalhe interessante é que Ralf começou com apenas a primeira costura feita, pois até então todos que haviam repetido a via o fizeram começando com as duas primeiras costuras colocadas. Com isso, o grau de exposição também aumentou, podendo chegar a E3. Foto: Marcela Chaves. (26.08.03)
Exorcista, IXa
Exorcista era um projeto de via atrás do Hot Dog, começado pelo escalador carioca Paulo Macaco em 1989, que até o momento não havia sido encadenada. Agora Ralf Côrtes, escalador que vive, literalmente, na Urca conseguiu a façanha e ainda fez mais: ele encadenou a via saindo do chão (antes ela começava em cima de uma pedra a mais ou menos 1,5m) acrescentando mais três lances no início da via. Além disso, aumentou mais alguns lances para cima fazendo-a alcançar aproximadamente 15 metros. Ralf sugere que a via seja um IXa, mas espera a repetição de outros escaladores para confimar o grau. (06.03.03)
Nono grau feminino
A escalada feminina no Brasil tem dado seus passos tímidos, mas decididos. No dia 17 de novembro a carioca Raquel Guilhon encadenou guiando a via Ban-Ban (IXa), no Campo Escola 2000, na Floresta da Tijuca. Esse nono grau é bastante forte e já derrubou muitos escaladores com seus lances explosivos tipo de boulder. A única escaladora que já havia feito essa via antes é a Mônica Pranzl, que dispensa comentários. Raquel, com 19 anos e aproximadamente 3 de escalada, começa a se destacar em vias esportivas como uma das melhores escaladoras deste estilo. Este foi o primeiro red point dela nesta graduação. Se a escalada feminina continuar evoluindo assim, os marmanjos que se cuidem. (13.01.03) Por: André Neves – Via Crux
Nono grau em solo
Daniel Coçada mostrou que a nova geração da escalada esportiva continua rompendo barreiras. Como se já não bastasse a demonstração de talento encadenando vias como a do Alemão (Xa), a Coquetel de Energia (Xc), a Mr. Bill (Xc) e a Massa Crítca (Xc), ele realizou uma façanha que raros ousariam: solou a via Ban-Ban, graduada em IXa. A Ban-Ban fica no Campo Escola 2000, logo à direita da Pedrita, é uma via com aproximadamente 12 metros e bastante negativa. Coçada levou apenas uma corda para descer, mas ao final do solo, como se não bastasse, resolveu desescalar, também em solo, a Pedrita, de VIIIa! (05.11.02)
Via do Alemão
A via Southern Confort (Xa E2) mais conhecida como Via do Alemão, recebeu uma nova repetição, a de Daniel Coçada. Ela é conhecida como via do Alemão porque foi conquistada pelo lendário Wolfgang Gullich, sendo durante muito tempo considerada a via esportiva mais difícil do Brasil. Ela fica na Pedra do Urubu e só tinha tido até hoje três repetições, do Pita, do Alexandre Galvão e do Ralf. Há uma repetição também do Helmut, apesar de ter sido em top rope. Assim como os primeiros, Daniel escalou guiando, com as duas primeiras costuras já feitas, para evitar uma queda no chão. Daniel já havia feito algumas vias de décimo, entre elas, Mister Bill, Xc, Coquetel de Energia, Xc, e Massa Crítica, que pode até ser o primeiro XIa brasileiro.Leia também sobre o IXa que Coçada fez dispensando a corda. (29.10.02)