GT de Recuperação de Vias
Em 1996, foi criada a Interclubes, um fórum permanente de discussões e atividades, formada por clubes, profissionais e montanhistas independentes, e que depois se transformaria na FEMERJ. A prática de manutenção de vias de escalada sempre foi realizada pelos montanhistas, porém, não havia um grupo de trabalho formal para a realização deste trabalho. No início de 2005, o então diretor técnico da FEMERJ, Júlio Mello, propôs a criação do GT Permanente de Recuperação de Vias de Escalada. O trabalho é voluntário e conta com toda a comunidade de montanha, que inclui os clubes de montanhismo (CEB, CERJ, CEG, CEC, CEL, CNM, CEP, CET, CEF E GEAN), a AGUIPERJ (Associação de Guias, Instrutores e Profissionais de Escalada do Estado do Rio de Janeiro) e os escaladores independentes. Nos últimos três anos, a FEMERJ comprou mais de 500 proteções fixas, entre grampos, chapeletas (inox) e parabolts (inox) para doar ao GT. Desde 2005, o coordenador deste grupo é o montanhista Adrian Giassone, do Clube Excursionista Carioca (CEC).
Mais de 40 vias já foram trabalhadas pelo GT. Em 2008, por exemplo, foram regrampeadas as seguintes vias: Fissura do Inglês (Morro São João, Copacabana), Escadinha de Jacó (Pão de Açúcar, Urca), Arco da Velha (Salinas, Parque Estadual dos Três Picos), Platô da Lagoa (Morro do Sacopã, Lagoa Rodrigo de Freitas), Breafing (Pedra Bonita, Parque Nacional da Tijuca) e M2 (Babilônia, Urca).
Também em 2008, a FEMERJ doou 100 grampos para o Centro Excursionista Petropolitano, que fez a manutenção das vias Vogel (Morro da Formiga) Apumanque e 15 de Maio (Pedra do Cortiço), entre outras. O trabalho mais recente do GT foi realizado em agosto deste ano por Júlio Mello, Sergio Tartari e Adrian Giassone, nas vias Arco da Velha, Cabeça de Dinossauro e Leste, todas no Pico Maior de Friburgo, em Salinas. Os relatórios completos foram divulgados na lista de discussão da FEMERJ e serão disponibilizados na página da Federação.
A próxima via a receber a manutenção do GT será a Íbis, localizada no Pão de Açúcar. “As proteções entre o quarto e o sexto esticões estão precárias, principalmente no quinto esticão, que é um longo trecho negativo. O número de proteções que devem ser trocadas é significante”, explica Júlio Mello, montanhista do CERJ (Centro Excursionista Rio de Janeiro) e vice-presidente da FEMERJ. A via pertence ao CERJ e foi iniciada por Giuseppe Pellegrini e Carlos Alberto Carrozzino. “Em meados de 1968, Pellegrini e eu conquistamos os primeiros 150m da via utilizando grampos de ¼ com chapeletas confeccionadas pelo Pelle, intercalando com grampos de ½. Chegamos até os buracos fazendo boa parte da via em livre. Como não tínhamos grana para continuar, demos uma parada para juntarmos o material necessário para conquistar o restante. Em 1972, apareceram três austríacos e pediram para dar continuidade ao nosso trabalho, o que foi aceito por nós. A partir do nosso ponto, eles enfiaram um número altíssimo de grampos de ¼, tipo Stubai, muito mais modernos que os nossos, e terminaram a via apenas batendo este grampinhos. Mais tarde, outros escaladores intercalaram uns grampos de ½ para dar maior segurança nas paradas”, relembra Carrozzino.
A FEMERJ substituirá os antigos grampos Stubai por proteções disponíveis e autorizadas pelos conquistadores. Carrozzino e Pellegrini ficaram felizes com a notícia da recuperação da Íbis, pois achavam que a via havia caído em desuso.
A Federação doa para este GT, grampos de ½ (aço 1020, fabricados pelo Chiquinho) e chapeletas com parabolt de 10mm (inox). “A solicitação da manutenção de via deve ser feita através de um formulário que está na página da FEMERJ. Caso haja necessidade de modificar o tipo de proteção a ser substituída, o coordenador do GT entrará em contato com os conquistadores ou com o clube responsável pela via para solicitar a autorização da substituição. No entanto, sempre recomendamos a comunicação aos conquistadores ou ao clube da via que receberá a manutenção”, explica Adrian.
No caso de vias em que não é possível encontrar os conquistadores e se a via não foi doada a nenhum clube, se não existir o tipo exato da proteção fixa a ser trocada, a troca será feita por material disponível e tecnologicamente vigente.
Assessoria de Imprensa da FEMERJ Outubro de 2009 www.femerj.org
