Encordamento em Vias Tradicionais
Quando o escalador se une pela corda a um ou mais parceiros para fazer uma escalada tradicional de várias enfiadas de corda, dizemos que ele está formando uma cordada. Normalmente, uma cordada é formada por dois ou três escaladores, mas nada impede que sejam formadas cordadas de quatro pessoas. Neste caso, porém, a escalada torna-se muito lenta e desconfortável, sendo melhor dividir o grupo em duas cordadas de dois escaladores cada.
Cada cordada deve ter pelo menos um guia. Uma cordada de dois é formada por um guia e um participante, ou segundo de cordada, como preferem alguns. Da mesma forma, uma cordada de três pessoas é constituída de um guia e dois participantes. Durante a escalada, se quiserem, os escaladores podem inverter os papéis de guia e participante.
O encordamento de uma cordada de dois escaladores também é simples: cada um se prende a uma das pontas da corda, que deve passar pelas duas alças (pontas) do baudrier, utilizando um nó de Oito pela Ponta. No caso de uma cordada de três, existem algumas opções de encordamento. Na maneira clássica, são necessárias duas cordas. O guia vai preso na ponta da primeira corda, o primeiro participante se prende na outra ponta da corda do guia e também em uma ponta da segunda corda. O segundo participante, que fecha a cordada, prende-se na outra ponta da segunda corda. Todos se encordam com o nó de Oito pela Ponta, passando a ponta da corda pelas duas alças do baudrier. A escalada segue em linha, subindo um de cada vez. Este método é também conhecido como cordada em I ou cordada em linha. O processo normalmente fica bem mais demorado do que em uma cordada com apenas dois escaladores. Isso deve ser levado em consideração ao escolher uma via ou o horário de início. Se a via for longa e faltar agilidade, pode ser que a cordada não consiga chegar ao final, ou que então termine a escalada muito tarde.
A melhor opção, no caso de três escaladores, é a cordada em A. Nela, o guia escala preso às pontas das duas cordas, com cada participante preso à outra ponta de cada uma das cordas, sempre utilizando o nó de Oito pela Ponta, passando pelas duas alças do baudrier. O guia dá segurança para os dois participantes simultaneamente, normalmente utilizando um freio semiautomático, como o Atc-Guide, da Black Diamond ou o Reverso, da Petzl. É importante que os participantes escalem com certa distância um do outro para o caso de uma queda. Este método é mais rápido do que a cordada em linha (I), porém mais cansativo para o guia, principalmente se ele não estiver usando cordas finas.
A última opção seria a cordada de três com uma corda só. Neste caso, o guia e o segundo participante ficam presos cada um a uma das pontas da corda, sempre com o nó de Oito pela Ponta passando pelas duas alças do baudrier. O participante do meio vai encordado no meio da corda, utilizando um nó Aselha de Oito, preso ao loop do baudrier por dois mosquetões de rosca com os gatilhos invertidos ou por um nó de Oito pela Ponta com a corda dupla nas duas pontas do baudrier. A cordada de três com uma corda só é ainda mais lenta, porque o guia só pode subir em cada enfiada no máximo o comprimento da metade da corda. Por isso este método só deve ser utilizado em vias fáceis e curtas.
Atenção ao uso de dois mosquetões de rosca sempre, como foi explicado no tópico anterior. Um mosquetão somente não oferece segurança suficiente.
Adiante você verá como dar segurança ao guia em vias esportivas e tradicionais, montar paradas e guiar.
Extraído do livro Escale Melhor e com Mais Segurança. Reprodução de fotos, desenhos e textos, somente com autorização prévia.